fiquei esperando
e olhei a luz lá fora
irrefletida, fria
cinzenta, nublada,
emudecendo meus olhos;
fiquei esperando
e o mar preguiçoso
golfando frágeis ondas
só capaz de acarinhar
areia e rochedos;
fiquei esperando
e não ouvi o cheiro
de pássaros em alegre
e louca revoada,
beirando nuvens e águas;
fiquei esperando
o Sol nascer,
como sempre nasce,
iluminando e me dando
a visão de cor e pintura...
voltei à minha cama,
curtida de amor e vida
carpida de dor e saudades...
e entendi que
não precisava mais esperar...
sonhos maus sequer arranham
a superfície de você,
deitada ali, ao meu lado..
olhei a janela... e você fazia
o dia brilhar... como nunca!
(Tadeu Paulo -- 2008-03-11)
Tadeu Paulo
Publicado no Recanto das Letras em 11/03/2008
Código do texto: T896407
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